Todo mundo surfando na terceira onda
Na semana passada fui convidado a moderar um debate de
altíssimo nível sobre o “turista conectado”, num evento que focava o uso de
tecnologia na cadeia de valor do turismo, uma das mais importantes cadeias
econômicas do país, mas, ao mesmo tempo, mais carente de boas políticas
públicas, estratégias comerciais competitivas e com um trade de lideranças
muito fragmentado. (mas isso é papo pra outra conversa)
Ainda usando o gancho do turista, vemos uma atividade em
que o digital tomou conta de grande parte do processo. A maior parte das
pessoas começa uma viagem por buscas na web. Consultam imagens, vídeos e textos
sobre vários destinos, vão atrás de reputações, contratam serviços por grandes
plataformas, postam inúmeras fotos e vídeos em suas redes sociais.
E quando vamos nos atualizar com os números que dizem
respeito à tecnologia, que mudam agressivamente todos os dias, tomamos um susto
com a exponencialidade da coisa, com a quantidade de cidadãos conectados e os frameworks que vão se formando.
A União Internacional de Telecomunicações, órgão ONU
mostra que quase 4 bilhões de pessoas tem acesso à internet no mundo, com 81% de
cobertura nos países desenvolvidos contra 40% países em desenvolvimento. O mesmo
estudo mostra que 95% da população já está em áreas cobertas por internet móvel
e que chegaremos a 3,6 bilhões assinantes até o final deste ano.
Já no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações, os
aparelhos com acesso a 3G e 4G chegaram a 202 milhões, com cobertura em 5.030
municípios, onde moram 98,4% da população brasileira. Os acessos fixos bateram
27,5 milhões.
São dezenas de milhões de pessoas, quase que a totalidade
da juventude, buscando informações e serviços em qualquer lugar e a qualquer
hora, no formato que desejem. E, como
sabemos, informação é poder! Mas talvez não a mera informação que nos
bombardeia 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa informação deve ser
consumida e assimilada para se transformar em “conhecimento”. Aí sim reside o
verdadeiro poder, que vai gerar tomadas de decisão individuais ou coletivas e
influência efetiva.
Essa pessoa conectada sabe cada vez mais o que quer, da
mesma maneira que sabe o que não quer, empoderada pelo que tem na palma de sua
mão. E o que há lá? Informações de todos os tipos, construídas coletivamente a
partir do poder das plataformas digitais, milhões de aplicativos, redes
sociais, comunidades, portais, blogs, plataformas comerciais com toneladas de
serviços embutidos, content market, prosummers em ampla efervescência, numa
base enorme de reputação, co-criação e compartilhamento. Tudo isso demolindo velozmente as estruturas tradicionais de conhecimento e negócios.
É claro que há barreiras que ainda devem ser transpostas
e batalhas que devem ser vencidas, principalmente no caso do Brasil. A barreira
do inglês, a qualidade da internet e, principalmente, a educação da população
para entender melhor o potencial de uso disso tudo, são alguns exemplos.
Em pouco tempo teremos a universalização da internet e
dos smartphones. Todos estarão conectados. Em mais algum tempo, todos estarão
“na” internet e não mais apenas navegando. E concomitantemente, tudo se
conectará, via internet of things.
Enfim, tudo e todos estarão conectados às grande plataformas digitais e estarão
surfando na “terceira onda” da transformação global.
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